sábado, 24 de julho de 2010

A Crise do Comportamento Humano


A Crise do Comportamento Humano
A sociedade do mundo moderno vem sofrendo um fenômeno peculiar: uma crise de valores. Diante dos últimos acontecimentos que nortearam os vários meios de comunicação, a humanidade tem colocado em cheque muitos, senão todos, os termos, conceitos e visões de mundo que conhecem. A velocidade, e a intensidade desses acontecimentos provocam dúvidas sobre a questionável “natureza humana”. Como pode o ser humano fazer isso? Perguntamo-nos cada vez que assistimos aos noticiários, inconformados com a crueldade e cinismo dos homens. Com isso, temas atuais se ligam a perguntas recorrentes, tipo: Somos resultado de nossa cultura ou de nossos genes? O ser humano nasce bom ou ruim?

O problema é saber o que faz você, leitor, ser o que é: a cultura adquirida na família, na escola, na sociedade, ou o seu repertório genético? Se você fosse criado, em uma cultura canina, você faria pipi nos postes? Ou será que sua natureza humana imporia o uso dos urinóis?

Esse debate está na mesa há muito tempo, por antropólogos e geneticistas. A discussão muitas vezes ganha os contornos da minúcia estatística, na tentativa de determinar quanto do nosso comportamento é hereditário ou quanto da nossa Inteligência é adquirida culturalmente. Na verdade, o debate parece estar no beco sem saída da causa argumentativa. Da educação das crianças até a punição dos criminosos, as implicações cotidianas de nossa concepção de natureza humana são inúmeras. A idéia de uma natureza única e imutável foi desmentida por fatos ao longo da história. O amor aos filhos é um exemplo: em Esparta, a prática do infanticídio era comum, hoje não é mais. No Brasil, índios tupis realizavam rituais de antropofagia com seus inimigos, em respeito, destes. Hoje isso é visto como canibalismo.

Uma das explicações para o atual comportamento humano se encaixa no modelo corrente proposto pelo filósofo inglês John Locke: o ser humano não traz nenhuma característica inata. Nasce como uma folha em branco, na qual a sociedade vai imprimir seus valores básicos. Dessa visão fundamental surgiram duas novas convicções: a idéia de que o homem em estado natural é bom e a sociedade o corrompe, de Jean-Jacques Rousseau. A outra é o dualismo filosófico de René Descartes: a crença de que corpo e alma são entidades distintas.

Muitas são as teorias que tentam explicar o comportamento humano, em sua mais profunda essência. A ciência não podia ficar de fora, com o seu reducionismo, ou seja – claro, em outras palavras – que o ser humano é uma espécie de marionete de seu código genético. Mas será que a nossa personalidade pode ser explicada pela árvore genealógica?

Está explícita a relação de dependência com o nosso semelhante. E essa relação é mediada pela palavra, pela linguagem. Só o código genético não é suficiente para a construção do comportamento.

O próprio Charles Darwin foi desbancado, vendo sua teoria sendo deturpada pelo homem branco europeu para justificar seu ímpeto colonialista – o darwinismo social. Negros e Índios eram vistos como um estágio intermediário entre os brancos e formas inferiores da escala evolucionária. A chamada Eugenia – a seleção dos melhores indivíduos para reprodução – parecia ser uma estratégia para garantir o aperfeiçoamento da humanidade, dando por conseqüências formas radicais de governo, como o nazismo. O homem estava começando a extrapolar os limites da razão, ou só dando sinais do que é capaz a natureza humana.

Para alguns psicólogos, a violência potencial parece ser uma característica inata do ser humano. Alguns paleontólogos descobriram que na Pré-história, em tribos indígenas já havia a existência de assassinatos brutais, como rituais de antropofagia.

Como se vê, as teorias de Rousseau: a sociedade corrompendo o homem, já não cola mais entre os cientistas e psicólogos. Voltamos ao beco sem saída da compreensão comportamental do ser humano. E agora? Quem pode explicar o que está acontecendo com a humanidade?

De qualquer modo, podemos chegar a uma conclusão – que pode ser contestada! – que os atos anti-sociais que os jornais mostram, é reflexo de uma sociedade corruptora, que cada vez mais atropela os atos de generosidade e honestidade, em busca do tão desejado poder/dinheiro. Uma coisa é certa, o homem é social, depende uns dos outros; grandes feitos da humanidade foram construídos coletivamente. Por outro lado, se isso não ocorre, o homem é corrompido pelo o que a sociedade criou de pior, o poder.

Então, lutemos, eduquemos nossos filhos e próximas gerações, para viver coletivamente, mesmo que a genética diga outra coisa. E saber, que assim como dependemos de outras pessoas, outros também dependem de nós. Vamos acordar, a realidade é essa! Mas AINDA tem como minimizar os problemas.

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