O Simples fato de você analisar se um acontecimento ou idéia é bom ou ruim nos remete a lembrança do conceito de princípio ético.
Segundo o dicionário Aurélio, ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. Em outras palavras, se você diz que está chovendo, você não está fazendo um juízo de fato, apenas uma constatação, mas quando você diz que chovendo as plantas e a vida dos seres vivos melhoram, você está fazendo um juízo de valor, ou seja, considerando chuva como desejável e importante para a sobrevivência dos seres vivos.
Atualmente, nossas ações e idéias estão interligadas, os juízos de fatos são permeados de juízos de valor. Assim, mesmo constatando um determinado fato, sentimento, idéia, estes estão necessariamente acompanhados de um julgamento sobre os mesmos.
Toda essa introdução foi necessária para tentarmos responder a seguinte pergunta: Quais seriam os princípios éticos de maior relevância para a humanidade?
Talvez, poderíamos responder a paz, o amor... Mas, saindo do abstracismo e entrando em questões concretas como a globalização excludente, a manipulação ideologia, o poder da mídia, o aumento das desigualdades sociais, o racismo, a violência contra os pobres e marginalizados, e a intolerância religiosa, quem sabe não poderemos pensar em um princípio ético que resumisse todas estas coisas: é a fundamental emancipação humana diante de todas as formas de opressão, injustiça, desagregação da solidariedade entre os indivíduos.
Nesse caso a emancipação significa ter liberdade de fato, seja ela de opinião, de circulação, de escolha. A emancipação de uma pessoa ou de uma sociedade refere-se a necessidade de qualquer um, por nenhuma circunstância, ser impedido de escolher, de opinar, de circular, de pensar.
A atual Constituição brasileira, vigente desde 1988, diz que todos têm o direito de ir e vir. Mas, como vivemos em uma sociedade racista e machista, será que negros e mulheres realmente têm esse direito? Um exemplo atual e concreto desse tipo de situação foi o caso UNIBAN, onde uma aluna, chamada Geise, foi hostilizada por colegas de universidade por trajar-se com um “micro-vestido” – como disse a imprensa. Será que estamos caminhando contra aquilo que tanto lutamos para conseguir? Dizer que essa garota estava com um vestido que não condizia com a localidade, ao momento, é um juízo de fato, até aí tudo bem! Mas fazer um juízo de valor sobre sua personalidade ou de sua condição humana, é ir contra direitos resguardados em lei, então conquistados com muita luta.
É nessa perspectiva que falamos em ética da emancipação de forma concreta, ou seja, não basta declarar o direito de cada um de ir e vir, mas é necessário acabar como o racismo e o machismo na sociedade.
Precisamos dar um passo em direção a esse princípio ético, aí sim saberemos como é necessária a luta contra o capitalismo e globalização excludente, contra as ideologias opressoras, contra a mídia manipuladora, contra a violência dos bandidos e dos poderosos, contra a intolerância religiosa, entre outros já citados.
Também não podemos ser “só do contra”. É preciso ser a favor de algo. A favor de uma sociedade que não tenha o lucro e a exploração dos trabalhadores como principal fonte de “desenvolvimento humano”; a favor de uma globalização solidária entre os povos, sem submissão econômica, política e cultural; a favor de ideologias que preguem a solidariedade; a favor de uma mídia que fale realmente o que pensa sem manipular; a favor da solidariedade entre as pessoas, a favor do respeito da liberdade do exercício religioso nas suas mais várias formas.

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