quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Favelas: Um Grande Desafio

A realidade das condições de vivência da nossa sociedade expressam o quanto o nosso país é desigual. As inúmeras formas de organização de um espaço urbano começa pela maneira como a sociedade resolve os seus problemas socias. Com isso, a favela se torna um espelho da atual organização social, político e econômica de um país.

A vida em sociedade no Brasil é marcada pela luta de buscar superar os problemas sociais cada vez intensos no país. Desde o advento do capitalismo excludente, as condições de vivência do brasileiro se modificam a cada instante. A favela, este fenômeno social que se abriga dentro das cidades brasileiras, é um exemplo claro da desigualdade social expressa pelo capitalismo e o seu modelo neoliberal. Entender a favela, só como um problema de apropriação do espaço urbano, é negar as causas do descaso com a população. A questão é bem mais complexa, e as causas bem mais óbvias. A raízes do problema estão na má distribuição de renda que acarreta a desigualdade social; no descaso político com a falta de planejamento urbano e uma real reforma agrária.

Portanto, as favelas são territórios que refletem o sentido da sociedade em que vivemos, e não pode continuar sendo tratada como um "problema dos outros". Diante disso, as consequências continuam sendo alarmantes para essa forma de vivência. É notório, assistirmos nos telejornais desastres e tragédias, como alagamentos, enxurradas e desmoronamentos em favelas, por exemplo, a atual tragédia das chuvas no Rio de Janeiro. Esse tipo de desastre expressa o perigo que esse modo de organização urbana oferece a população, e deixa claro a urgência na resolução desse problema urbano.

Contudo, as favelas continuam sendo umas das mais contundentes expressões das desigualdades sociais, e coloca em questão o sentido e a forma como vivemos. E nos remete a entendê-la como um grande desafio, e buscar a solução, junto com as autoridades políticas, para enfim superar essa má condição de vida. Portanto, essa é a nossa realidade, e isto é um problema de todos.


* Texto dissertativo baseado no tema da redação do Vestibular da UESC 2011.

sábado, 22 de janeiro de 2011

O Importante é Sonhar


DEVER DE SONHAR

Eu tenho uma espécie de dever
de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois, sendo mais do que um espectador de mim mesmo
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas,
invento palcos, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

PESSOA, Fernando. Dever de sonhar




O
sonho é uma das formas mais importantes de se planejar o futuro, moldando o presente. A cada dia mais pessoas desistem de seus sonhos por motivos fúteis. Portanto, temos que buscar entender que o resultado de nossas conquistas definem o quanto sonhar é preciso e importante em nossas vidas.

A cada dia nos deparamos com uma realidade construida a partir de sonhos. É notável, percebermos como são grandiosas as construções humanas, e como é grande a imaginação e o ato de ousadia do ser humano. Desde tempos em tempos, o homem busca espelhar o seu poderio em grandes obras, denotando a sua importância no mundo. Com isso, surge uma força que impulsiona a buscar o objetivo desejado, força esta, que inclusive, reside dentro de cada um de nós. Tudo isso exemplifica, que o ato de sonhar está presente em tudo que envolve o homem. Todas as obras, construções, realizações são frutos de uma prévia imaginação, algo construído na memória do homem. Assim se constitui o sonho.

Portanto, o sonho é uma "realidade" na história da humanidade, é algo natural do ser humano. Contudo, esses sonhos muitas vezes se perdem em meio a obstáculos. Hoje em dia, muitas pessoas estão desistindo de seus sonhos, alguns muitas vezes são frustrados em relação a forma de torná-los realidade. Muitos são reprimidos pela própria sociedade, que exclui e marginaliza aqueles que se ousam na imaginação. O fato é que, todos têm o direito de sonhar e construir para si o que desejou. Sonhar é mostrar para si mesmo que deseja e planeja algo melhor pra sua vida. Muitas vezes, sonhar se torna o combustível da vida, impulsionando pessoas, reavivando a auto-estima.

Com tudo isso, a reafirmação do ato de sonhar como fator fundamental na vida do homem se tornou algo real. Sonhar é preciso, mas criando caminhos para a sua realização. Com os sonhos, muitos entregam a sua vida e guardam o seu coração, por isso, a importância de sonhar se resguarda na concretização de toda uma vida. É preciso acreditar em seus sonhos, por mais que eles pareçam impossíveis, buscando em seu interior a força e o estímulo para confiar em sua realização. Que todos os nossos se tornem realidade!

domingo, 9 de janeiro de 2011

A Volubilidade das Relações Humanas

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Versos Íntimos - Augusto dos Anjos


Um fato me despertou a atenção hoje, o quanto tornaram-se volúveis as relações humanas. Desde tempos em tempos somos acometidos as mais surpreendentes provas de ingratidão e traição por parte das pessoas que julgamos ser confiáveis.

O conjunto de sensações vividos por aqueles que se entregam a algum tipo de relação, seja qual for, se alteram conforme as relações mensionadas criam vínculos com aqueles que desta se envolveram. A mais incrível das sensações é a Cumplicidade! Ninguém se torna tão amigo e conhecedor do outro, se não se tornar cúmplice desta relação.

Essas sensações, conforme o passar dos tempos, perseguem dois caminhos: ou enfraquecem diante de uma adversidade, ou fortalecem diante da mesma. Mas, na grande maioria dos casos, estas enfraquecem! São raras as vezes que a relação se mantém forte, estas são consideradas verdadeiras (para sempre!), e devem ser valorizadas pelos envolvidos.

As vezes, são muitos que desfrutam com você momentos alegres, mas são poucos os que compartilham momentos tristes, onde a necessidade de amparo é grande. Como o poeta Augusto dos Anjos explicitou em um trecho de seu poema: "
Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera". O convívio com um certo tipo de sentimento, torna o homem também propagador deste sentimento.

Portanto, a qualidade dos nossos sentimentos são medidos pela forma com que nos relacionamos. Com isso, sejamos realistas, a humanidade precisa um pouco mais de sinceridade e originalidade. E, contudo, mudar isso, é um desafio que precisamos enfrentar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Futuro tão Presente do Trabalho

O trabalho constitui uma das formas mais dignas do exercício da cidadania. As mudanças na forma de conceber o trabalho têm causado discussões na sociedade em torno de temas como direitos humanos, qualidade de vida e o futuro do trabalho.

Desde o advento da Revolução Industrial na Inglaterra, o trabalho vem ganhando novos moldes no cenário mundial. As novas tecnologias e a substituição da mão-de-obra humana constitui peças deste cenário. No Brasil, estas modificações foram ainda mais intensas, por se tratar de um país que tem em suas raízes o preconceito racial, manifestado no sistema escravocrata, e o machismo exacerbado, onde as mulheres não tinham voz de decisão e eram submissas ao homem, não é diferente que isso se reflita no panorama trabalhista atual. De fato, algumas conquistas no decorrer dos tempos nos trouxe um alívio, como a consolidação da legislação trabalhista no governo de Getúlio Vargas, mas não é nem de longe o que precisa ainda ser mudado no nosso país.

Por consequência, com o avanço tecnológico e o crescimento econômico, novas classes de trabalho foram surgindo. O negro, antes marginalizado pela sociedade, passou a conquistar papéis importantes no mundo do trabalho. As mulheres ganharam destaque, e hoje, são as que mais investem em sua formação, voltada para o mercado de trabalho. Conforme a era digital se aproxima, algumas preocupações também vão surgindo, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável constituem fatores fundamentais para a garantia da qualidade de vida do trabalhador e demais cidadãos.

Contudo, a relação do trabalho na sociedade continuará mudando conforme avance o crescimento econômico. O que de fato é necessário, é que adaptemos a nossa sociedade ao mercado, investindo no que é de mais importante, nas pessoas. Um maior suporte na educação e qualificação, e uma política de amparo a qualidade de vida social, garantirá a curto, médio ou a longo prazo que a construção da dignidade humana se constitua.


* Texto dissertativo baseado no tema da redação do ENEM 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Emancipação Humana


O Simples fato de você analisar se um acontecimento ou idéia é bom ou ruim nos remete a lembrança do conceito de princípio ético.


Segundo o dicionário Aurélio, ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal. Em outras palavras, se você diz que está chovendo, você não está fazendo um juízo de fato, apenas uma constatação, mas quando você diz que chovendo as plantas e a vida dos seres vivos melhoram, você está fazendo um juízo de valor, ou seja, considerando chuva como desejável e importante para a sobrevivência dos seres vivos.

Atualmente, nossas ações e idéias estão interligadas, os juízos de fatos são permeados de juízos de valor. Assim, mesmo constatando um determinado fato, sentimento, idéia, estes estão necessariamente acompanhados de um julgamento sobre os mesmos.

Toda essa introdução foi necessária para tentarmos responder a seguinte pergunta: Quais seriam os princípios éticos de maior relevância para a humanidade?

Talvez, poderíamos responder a paz, o amor... Mas, saindo do abstracismo e entrando em questões concretas como a globalização excludente, a manipulação ideologia, o poder da mídia, o aumento das desigualdades sociais, o racismo, a violência contra os pobres e marginalizados, e a intolerância religiosa, quem sabe não poderemos pensar em um princípio ético que resumisse todas estas coisas: é a fundamental emancipação humana diante de todas as formas de opressão, injustiça, desagregação da solidariedade entre os indivíduos.

Nesse caso a emancipação significa ter liberdade de fato, seja ela de opinião, de circulação, de escolha. A emancipação de uma pessoa ou de uma sociedade refere-se a necessidade de qualquer um, por nenhuma circunstância, ser impedido de escolher, de opinar, de circular, de pensar.

A atual Constituição brasileira, vigente desde 1988, diz que todos têm o direito de ir e vir. Mas, como vivemos em uma sociedade racista e machista, será que negros e mulheres realmente têm esse direito? Um exemplo atual e concreto desse tipo de situação foi o caso UNIBAN, onde uma aluna, chamada Geise, foi hostilizada por colegas de universidade por trajar-se com um “micro-vestido” – como disse a imprensa. Será que estamos caminhando contra aquilo que tanto lutamos para conseguir? Dizer que essa garota estava com um vestido que não condizia com a localidade, ao momento, é um juízo de fato, até aí tudo bem! Mas fazer um juízo de valor sobre sua personalidade ou de sua condição humana, é ir contra direitos resguardados em lei, então conquistados com muita luta.

É nessa perspectiva que falamos em ética da emancipação de forma concreta, ou seja, não basta declarar o direito de cada um de ir e vir, mas é necessário acabar como o racismo e o machismo na sociedade.

Precisamos dar um passo em direção a esse princípio ético, aí sim saberemos como é necessária a luta contra o capitalismo e globalização excludente, contra as ideologias opressoras, contra a mídia manipuladora, contra a violência dos bandidos e dos poderosos, contra a intolerância religiosa, entre outros já citados.

Também não podemos ser “só do contra”. É preciso ser a favor de algo. A favor de uma sociedade que não tenha o lucro e a exploração dos trabalhadores como principal fonte de “desenvolvimento humano”; a favor de uma globalização solidária entre os povos, sem submissão econômica, política e cultural; a favor de ideologias que preguem a solidariedade; a favor de uma mídia que fale realmente o que pensa sem manipular; a favor da solidariedade entre as pessoas, a favor do respeito da liberdade do exercício religioso nas suas mais várias formas.

Portanto, deixemos de ser omissos, agindo em prol de uma sociedade justa, necessariamente justa. Faça valer o que você já conquistou, respeitando os direitos dos outros, e lute, para que num futuro próximo, você não lamente mais as mazelas da sociedade atual.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O peso da alienação


Na complexa busca da felicidade, somos obrigados a vestir a camisa de força da ignorância e da alienação, criando com isso, maneiras de nos submeter a algo ou a outro, na intenção de encontrar o que nos completa. Não se reconhecer como sujeito social, político, histórico e como agente e criador da realidade, é o principal sintoma para saber – você leitor – se é um alienado social, econômico, político e intelectual.

Nos dias de hoje, é comum ouvir frases do tipo: “Você é alienado”, “a mídia é alienadora”, “fulano vota em ciclano porque é alienado”. Mas o que de fato é alienação? Alguém nos aliena? Ou nos alienamos? Para compreender o fenômeno da alienação, temos que entender o modo como a sociedade se desenvolve, e como ela se comporta. A alienação é o processo pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a essa coisa como se ela existisse por si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a outro ser, separado dos “comuns”, superior a eles e com poder sobre eles. Os homens se esquecem de que foram os criadores desse “outro” ser. Em latim, “outro” se diz alienus. Segundo o filósofo Feuerbach, quando os homens não se reconhecem num outro que eles mesmos criaram, eles se alienam, por isso o nome de alienação.

Na sociedade capitalista existem várias formas de alienação: a alienação social, a intelectual, a política, a econômica e até a religiosa. Esses diversos tipos são conseqüência do desenvolvimento da sociedade e das instituições das relações sociais, no decorrer da história. Como por exemplo, o surgimento da família, com a divisão social do trabalho, onde na luta pela sobrevivência os seres humanos se agrupam para explorar os recursos naturais e dividem as tarefas. Com o surgimento do comércio, denotado pela troca entre as famílias dos produtos do trabalho. Com o surgimento do trabalho servil, que logo dará origem a escravidão. Com o surgimento do poder político, do qual virá o Estado e demais formas de governo. E por fim, com o surgimento da religião e da guerra. Esses conceitos caem como uma luva às teorias do filósofo Karl Marx que, observou que em todas as sociedades, uma parte detém poder e riqueza, enquanto outra parte não possui nada disso, estando subjugada à outra parte rica e poderosa. Está aí um ponto onde eu queria chegar, leitor! A constatação dessa alienação é o desconhecimento das condições histórico-político-sociais em que vivemos e que são produzidas pela ação humana.

Alguns tipos de alienação estão constantes em nossas vidas, como a econômica e a religiosa. Muitas vezes somos obrigados a nos submeter a alguns conceitos e crenças, e a repugnar outras. Como por exemplo, o caso do Pastor norte-americano que, recentemente, em nome de uma crença e repúdio a outra, ameaçou destruir o livro sagrado de outra religião. Aí eu lhe pergunto leitor: Em nome de quem ele faria isso? De Deus? Claro não. Deus não manda insultar e desrespeitar o próximo, por mais que existam diferenças gritantes. Mas é em nome de um ego alienado, que cega o ser humano, e não o faz perceber o quão submisso ele é a uma crença que mesmo criou. Em nossa sociedade, a alienação econômica decorre da transformação de seres humanos em coisas, isto é, da transformação de uma classe social – os trabalhadores – em mercadoria, e como toda mercadoria, recebem um preço, quer dizer, um salário. Os trabalhadores não percebem que foram reduzidos à condição de coisas que produzem coisas. Em outras palavras, produzem alimentos e objetos de consumo que com o salário que recebem não dá para adquirir quase nada, e não lhe passam pela cabeça que foram eles, trabalhadores, quem produziram tudo aquilo com o suor do seu trabalho, e que só não podem adquirir esses produtos porque o preço é muito mais alto do que o preço deles, isto é, dos seus salários.

E por conta do período eleitoral, não podemos esquecer-nos da alienação política, em que vemos no outro (político), alguém superior a nós, esquecendo que o processo democrático somos nós que fazemos, e que as pessoas que vamos eleger se eleitas, nos devem prestar serviços e contas ao qual foram empregadas.

Portanto, cabe salientar que, o alienador e o alienado é você mesmo, ou melhor, ninguém te aliena, você próprio causa isso. O que a mídia, políticos, formadores de opinião e o próprio capitalismo fazem, é persuadi-lo, induzi-lo a alienação. Entretanto, saiba que você é sujeito causador/transformador da realidade, e que se a sociedade está alienada, é porque, historicamente permitimos. Portanto, vamos acordar e nos reconhecer como sujeitos sociais e políticos, modificando a sociedade e criando uma nova realidade. E quer um conselho? Vamos começar por estas eleições.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Equilíbrio Democrático

Periodicamente os brasileiros afirmam que vivemos numa democracia, depois de uma complicada fase de autoritarismos. Viver a prática e concretizar as idéias democráticas é bem mais profundo, e esconde uma verdade muito maior e superior do que a ideologia democrática deixa perceber nos dias de hoje. Ideologia esta, que exprime de maneira invertida e fantasiosa o que deveria ser verdadeiro e concreto.

Em tempo de eleições, o espírito democrático toma conta de todos os cidadãos brasileiros, que de forma obrigatória ou optativa, se vê engajado numa prática da democracia de alternância de governo – as eleições. Pois é, ela está chegando, mas muitos ainda não entendem o seu significado. Elas são muito mais do que a mera rotatividade de governos ou a alternância no poder. Como diria a filósofa Marilena Chauí, simboliza o essencial da democracia, uma verdade clara, em que o poder não se identifica com os ocupantes do governo, não lhes pertence, mas é sempre um lugar vazio que os cidadãos, periodicamente, preenchem com um representante, e podem revogar seu mandato se não cumprir o que lhe foi delegado para representar.

Desde a criação do voto pelo Legislador grego Sólon e depois a instituição da democracia por Clístenes na Grécia Antiga, que a busca pelos direitos dos menos favorecidos foi ganhando proporções gigantescas com o passar dos tempos. No Brasil, por exemplo, esses direitos foram idealizados como conceitos de igualdade e liberdade, ao lutar para que os cidadãos sejam sujeitos de direitos e que, onde tais direitos não existam nem estejam garantidos, tenha-se o direito de lutar por eles e de exigi-los. Todas essas lutas populares fizeram ampliar os direitos civis, como o direito de opor-se à tirania, à censura, à tortura, direito à proteção, à saúde, à educação, à..., enfim, a muita coisa!

Na Grécia Antiga, três direitos foram fundamentais para o estabelecimento da democracia: a igualdade, liberdade e participação no poder. Aristóteles, filósofo grego, afirmava que a primeira tarefa da justiça era igualar os desiguais, logo depois veio Karl Marx e o seu Socialismo, reivindicando o direito à igualdade. Com a Revolução Inglesa e a Revolução Francesa amplia-se o direito à liberdade e participação no poder. No Brasil, movimentos como a Conjuração Baiana e as “Diretas Já” reafirmaram esses direitos.

Contudo, o produto de muita luta e sacrifício vem sendo ameaçado por um conjunto de interesses particulares que a própria sociedade está desenvolvendo. A democracia está virando um mero joguete entre partidos políticos, com seus acordos mirabolantes, uniões descabidas e discursos infundados. E adivinha quem é o boneco desse jogo? Você eleitor. A ideologia que nos vendem é barata, dissimulada e imaginária. Quando então, despertamos dessa ilusão, percebemos que os três direitos básicos que conquistamos, nos está sendo tirado aos poucos. Que igualdade? Enquanto uns melhoram sua situação social, com aumento de salário, acesso a educação, bolsa-auxílio e muitos mais, outros vivem a margem da sociedade. Já parou pra perceber como aumentou o número de periferias no país? Não né? É por que talvez a nossa situação tenha melhorado um pouquinho que logo generalizamos e não percebemos a realidade do conjunto. Liberdade hoje virou sinônimo de independência, tanto financeira, social e até intelectual. E quanto à participação no poder, infelizmente, ainda é algo que os burgueses imperam. Os banqueiros, grandes empresários ainda dominam o cenário político (quem você acha que banca os espetáculos de uma campanha eleitoral?), e mesmo quando um da massa popular atinge o poder, ele é logo acometido pelo terror do neoliberalismo, impondo-se sobre o espírito socialdemocrata.

Estabeleceu-se um desequilíbrio na democracia, as instituições do poder público estão falidas, políticos desonestos, polícia corrupta, médicos sem ética, professores desestimulados. Todos os setores foram atingidos por esse mau súbito que é o interesse individual e específico.

Portanto, a luta do cidadão brasileiro nos dias atuais, é pelo estabelecimento do equilíbrio democrático, este, que por sinal é o respeito e a valorização dos direitos dos cidadãos, e nada melhor como um evento da democracia – as eleições – para se construir isso. Exerça seu direito, exerça a democracia. E aí dizemos que uma sociedade é democrática quando, além de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da república, respeito à vontade da maioria e das minorias, institui algo mais profundo, que é a condição do próprio regime político, ou seja, quando institui e respeita seus direitos.